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A dor é definida pela International Association for the Study of Pain (IASP) como “uma experiência multidimensional desagradável, envolvendo não só um componente sensorial mas também, um componente emocional e que se associa a uma lesão tecidular concreta ou potencial, ou é descrita em função dessa lesão” (DGS 2008).
A Direcção-Geral da Saúde depois de ouvida a Comissão de Acompanhamento do Plano Nacional de Luta Contra a Dor, institui, a “Dor como o 5º sinal vital”.
Importa, assim, que a Dor e os efeitos da sua terapêutica sejam valorizados e sistematicamente diagnosticados, avaliados e registados pelos profissionais de saúde, como norma de boa prática e como rotina, altamente humanizante, na abordagem das pessoas, de todas as idades, que sofram de Dor Aguda ou Dor Crónica, qualquer que seja a sua origem, elevando o registo da sua intensidade à categoria equiparada de sinal vital.
A dor pode ser classificada segundo a duração em aguda ou crónica e segundo a sua fisiopatologia em, nociceptiva, neuropática ou mista (Tabela 1).
Classificação | Tipos | Tempo de Manifestação | Função | Intensidade |
Duração | Aguda | < 3 meses | Inerte à função biológica | Correlaciona-se com o estimulo desencadeante |
Crónica | > 3-6 meses | Perde a função de advertência e protecção | Não se correlaciona com o estimulo desencadeante | |
| Tipos | Subdivisões | Manifestação | |
Fisiopatologia | Nociceptiva | Somática | Moinha Lancinante Latejante (intermitente) | |
Visceral | ||||
Neuropática | Perifèrica | Queimadura Formigueiro Hipersensibilidade ao toque/frio | ||
Central | ||||
Mista | Dor com component neuropática e nociceptiva |
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Dor Músculo-esquelética
Corresponde a toda a dor que tem origem em estruturas músculo-esqueléticas e geralmente tem origem inflamatória, devendo ser avaliada em função da intensidade, duração, frequência, tipo (local/difusa), irradiação, severidade e etiologia/fisiologia. O fisioterapeuta deve ter ainda em atenção a história pessoal e o contexto social/ambiental, bem como a personalidade, posturas antálgicas e consequência nas AVD’S (Strong, et al. 2003).
O processo inflamatório é essencial para a recuperação do dano, no entanto, pode deixar de ser benéfico e tornar-se crónico. Isso decorre de alterações plásticas - neuroplasticidade -, que começam pela lesão inicial, mas resultam em eventos que mantêm o quadro inflamatório, mesmo tendo a lesão primária corrigida. Nestas condições, a inflamação perde sua característica de protecção e torna-se patológica (Strong, et al. 2003).
A intervenção na dor músculo-esquelética deve incidir não só na dor, como na sua causa. Numa dor aguda por exacerbação do processo inflamatório a terapêutica utilizada pode incluir a utilização de gelo, devido ao seu efeito anti-inflamatório, Estimulação Eléctrica Transcutânea (TENS), massagem e outras formas de electroterapia que promovam a regeneração tecidular. A utilização de exercício e outras técnicas específicas para o dano no qual a dor tem origem leva à regeneração da lesão e deste modo também resulta na diminuição da dor. Em situações de dor crónica, numa fase não inflamatória, a aplicação de termoterapia e electroterapia com efeito térmico, pode ter efeitos positivos sobre a dor (Strong, et al. 2003).
Dor Neuropática
Constitui a dor produzida pela actividade neural patológica, daí que esta dor seja uma doença, na medida em que é independente da estimulação das terminações nociceptivas (Lundy-Ekman 2008). Apesar das diferentes etiologias dos estados de dor neuropática, as manifestações clínicas podem ser semelhantes. Frequentemente os pacientes apresentam uma dor tipo queimadura, e também podem sofrer de dores lancinantes, sendo que essa dor pode ser contínua ou intermitente. Esses pacientes geralmente apresentam alodinia ao toque e podem apresentar outras formas de sensibilidade alterada (Strong, et al. 2003).
Além da dor, outras mudanças podem existir, como hiperidrose localizada, temperatura da pele alterada, e mudanças trópicas para as unhas, pele, músculos e ossos (Strong, et al. 2003).
Além do tratamento farmacológico, existe a possibilidade de utilização de TENS e acupunctura para o alívio de dor (Strong, et al. 2003).
Dor Oncológica
O controlo/avaliação da dor relacionada com o cancro é diferente em vários aspectos da dor crónica de origem não cancerosa. Na dor oncológica, a intensidade e a localização da dor podem mudar devido à doença e ao tratamento (Strong, et al. 2003).
No cancro inicial ou intermédio 40-50% dos pacientes sentem dor moderada a grave, enquanto nos pacientes com cancro avançado a incidência da dor é 60-90% (Strong, et al. 2003).
A dor oncológica pode ser considerada crónica ou aguda (visto mudar de acordo com o crescimento do tumor, lesão dos tecidos e tratamentos. Deste modo, a dor oncológica está numa categoria própria, quando é considerada uma síndrome de dor. As síndromes dolorosas no cancro são definidas pela associação de características particulares da dor e sinais físicos consequentes da doença e do tratamento (McMahon e Koltzenburg 2006, Strong, et al. 2003).
Existem três tipos de dor que podem surgir num paciente oncológico (Strong, et al. 2003):
Dor secundária ao crescimento do tumor e à invasão das estruturas (75%);
Dor resultante do tratamento da doença (20%);
Dor não associada ao tumor nem ao tratamento (5%).
A dor oncológica deverá ser avaliada frequentemente para uma compreensão completa das mudanças da mesma e dos factores que influenciam como a proximidade da medicação, actividade física, ansiedade ou hora do dia. A hora do dia é importante porque a dor é frequentemente mais forte ao início da noite e melhor de manhã cedo (Strong, et al. 2003).
As guidelines produzidas pela Agency for Health Care Policy and Research, têm como primeira fonte de avaliação da dor a descrição do paciente. A discrição da dor pode dar pistas acerca da sua causa (Strong, et al. 2003).
A avaliação dos sintomas que intervêm com a dor podem ser avaliados pelo Memorial Sysmptom Assessment Scale (Strong, et al. 2003).
Métodos para avaliação da qualidade de vida (QOL) específicos no cancro incluem a Functional Assessment of Cancer Terapy Scale (FACT scale) e European Organization for Research and Treatment of Cancer QLQ-C30 (Strong, et al. 2003).
A intervenção na dor oncológica pode dividir-se em 5 tipos (Strong, et al. 2003):
Farmacologia;
Métodos médicos não-farmacológicos: usados quando os farmacológicos não surtem efeito (terapia com radiação, cirurgia ablativa e procedimentos neurocirúrgicos);
Métodos físicos não farmacológicos: acupunctura, estimulação cutânea, termoterapia, exercício, posicionamentos e mobilização;
Educação;
Abordagens psicossociais.
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