A intervenção
realizada deve ser adaptada à fase da doença em que o paciente se encontra.
Deste modo, numa
fase inicial, quando a rigidez não é pronunciada e não há adoção de posturas desadequadas,
deve-se realizar menos vezes por semana e com menor intensidade, aumentando à
medida que a doença avança.
A fisioterapia
tem como objectivos o alívio da dor, manter/aumentar a mobilidade articular,
performance física, flexibilidade e a força muscular para prevenir alterações
posturais e as complicações, não comprometendo a capacidade funcional. Em casos
mais avançados, a anquilose da coluna pode comprometer a realizaçao de
determinadas actividades diarias, reduzir a expansibilidade torácica e, desta
forma, comprometer a capacidade
respiratória. Por este motivo, por vezes ainda há a necessidade de acrescentar
um objetivo a nível respiratório.
A reeducação postural é
considerada uma das prioridades que o terapeuta deve ter durante a sua
intervenção, devendo esta ser geral e não localizada num determinado ponto,
sendo a técnica de eleição a reeducação postural global. Recorre-se a posturas
em carga e em decúbito, utilizando-se exercícios de alongamento e de reforço
muscular, acompanhados com exercícios respiratórios para melhorar a
expansibilidade torácica. Este trabalho surte grandes efeitos nos músculos
posturais, o que permitirá um aumento da atividade proximal, o que possibilita
a mobilidade distal.
Existem várias técnicas às quais
o fisioterapeuta pode recorrer para diminuir a dor nestes pacientes, entre
elas, o uso de calor, frio, terapia de ondas-curtas, massagem e ultra-som. Para diminuir a dor
sentida na região cervical, o paciente pode recorrer ao uso de um colar, usando
este durante a noite. A tração apresenta elevada evidência na diminuição da dor
cervical.
Os programas de
exercícios supervisionados, de maneira sistemática em todos os estágios da
doença tem os seus benefícios na prevenção de limitações funcionais através do aumento da força, da
resistência e da flexibilidade, melhoria da mobilidade, melhoria da propriocepção
e aumento da coordenação.
Estes exercícios devem ser do
tipo aeróbio, podendo ser realizados em grupo ou individualmente. Existe
evidência de uma maior eficácia quando o paciente é acompanhado por um fisioterapeuta,
do que quando efetua os exercícios sem recorrer à ajuda deste profissional de
saúde. No entanto, a revisão da literatura
mostra que a combinação da fisioterapia com um programa de exercícios
domiciliários, apresenta melhores resultados do que qualquer uma destas
intervençoes de forma isolada.
Cada programa de exercício deve
incluir:
·
Período de aquecimento (aprox. 10 minutos): exercícios
aeróbios e de alongamento;
·
Corpo do programa de exercícios (aprox. 20 a 30 minutos):
onde se deve realizar exercícios aeróbios, de fortalecimento, alongamento e
endurance, podendo sempre de sessão para sessão variar a modalidade de treino
aplicada;
·
Período de arrefecimento de 15minutos: exercícios de relaxamento
muscular.
Durante todo o programa de treino, deve-se ter em especial
atenção a parte respiratória, na qual pode-se realizar exercícios respiratórios
durante a realização do mesmo, tendo como objectivos promover a respiração
diafragmática e a expansão da caixa torácica.
A intensidade do
exercício aeróbio é prescrita através da fórmula de Karvonen, e cada paciente, enquanto realiza o exercício, deve usar
um polar para medição da frequência cardíaca e, desta forma, evitar
complicações cardiovasculares que podem ocorrer nestes pacientes. A escala de Borg e o Talk Test podem, também, auxiliar na monitorização do esforço físico
e da dispneia do paciente.
Nesta patologia, ao contrário do que acontece na fibromialgia,
a avaliação de forma a ver se a prescrição de exercício é adequada é realizada
no momento da sua realização e não passado 24 a 48 horas.
Devido
às possíveis complicações cardiovasculares destes pacientes, o programa de
exercício deve ser iniciado com uma intensidade baixa (60%da FCT) que deve ser
mantida pelo menos durante 5 dias e depois progredir gradualmente até ao máximo
de 80% FCT.
Um programa de
exercícios que inclui exercício aeróbio, exercício de alongamento e exercícios
pulmonares, mantido por um período de 3 meses, tem eficácia na melhoria da
mobilidade da coluna vertebral, na resistência ao esforço e no volume da
capacidade vital.
Os programas de
exercícios para serem eficazes devem ter várias modalidades de exercícios.
Nestes pacientes, uma das modalidade com efeitos benéficos é a hidroterapia,
pois diminui a dor e a pressão nas articulações. Esta
parece apresentar, a curto prazo (3 semanas) um efeito benéfico suplementar a
um programa de exercício tradicional na dor, na avaliação global de saúde, no
cansaço, no sono e na funcionalidade. Contudo, a longo prazo (24 semanas) o
efeito benéfico da hidroterapia é reduzido, sendo apenas significativo na
mobilidade lombar e na avaliação global de saúde.
Outra das funções do
fisioterapeuta é a educação ao paciente. Neste caso, o terapeuta pode
prescrever exercícios para serem realizados no domicílio e ensinar
técnicas/estratégias para melhorar a sua vida diária. Outro ponto a não
esquecer é a ergonomia que apresenta um papel importante na adoção de posturas
adequadas de forma a prevenir sequelas.
Numa fase severa da doença,
quando existe anquilose total da coluna, a mobilização passiva e as posturas
são ineficazes e até mesmo perigosas. Nesta fase, o fortalecimento isométrico
dos músculos das costas, do diafragma e dos abdominais é útil e seguro.
Contudo, é preciso ter especial atenção aos alongamentos máximos, pois podem
induzir fraturas sindesmóticas.